Reduzir as emissões de metano e a fuligem na atmosfera, além do dióxido de carbono (CO2), permitiria deter mais rapidamente o aquecimento global, segundo estudo publicado na última quinta-feira (12) nos Estados Unidos.
Esta medida também poderia evitar milhões de mortes anuais provocadas pela contaminação do ar, à qual contribuem em grande medida as milhões de toneladas de metano e fuligem liberadas anualmente na atmosfera pela indústria petroleira e petroquímica.
Além disso, segundo os autores deste estudo internacional, a redução destes contaminantes na atmosfera poderia melhorar a produtividade de certos cultivos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Os benefícios econômicos resultantes das emissões de metano e fuligem compensariam amplamente os custos associados ao desenvolvimento de medidas para obter esta redução, destacaram os autores do estudo, publicado na edição de sexta-feira da revista Science.
Reduzir a concentração de CO2, o principal gás causador do efeito estufa, responsável por 50% do fenômeno, continua sendo crucial para ajudar a reduzir o aquecimento global resultante das atividades humanas desde o começo da revolução industrial.
Mas visto que o dióxido de carbono permanece durante muito tempo na atmosfera, levará décadas reduzir seu volume antes de reverter o atual processo de aquecimento global.
O metano e a fuligem, ao contrário, desaparecem mais rapidamente da atmosfera, disse Drew Shindell, climatologista da Nasa e autor principal do estudo.
O metano e a fuligem contribuem com 30% e 20% ao aquecimento global.
O modelo informático usado no estudo mostra que 14 medidas, a maioria de baixo custo, como instalar um filtro de partículas nos motores a diesel, reduziriam em 0,5 grau o aquecimento esperado para 2050.
Uma ação abrangente para combater a emissão do gás metano e a poluição por fuligem reduziria o aquecimento global de 2,2ºC para 1,7ºC em 2050, indica um novo estudo liderado pela Nasa (agência espacial americana).
Quase todas as medidas necessárias para isso, dizem os cientistas, teriam seus custos compensados ao evitar gastos em saúde pública e na agricultura.
Segundo o trabalho, publicado na revista "Science", se o planeta adotar 14 medidas contra essas substâncias (leia mais abaixo), combateria a mudança climática, evitaria mortes por doenças respiratórias e aumentaria a produtividade agrícola.
O documento inclui propostas que vão desde a substituição de fornos a carvão --grande fonte de poluição em países pobres-- até o controle do vazamento de metano em poços de petróleo.
Combater a emissão desse gás, que também é subproduto da agropecuária, ajudaria os próprios produtores rurais, porque o metano estimula o surgimento de ozônio em baixas altitudes, prejudicando a respiração das plantas.
A produção mundial de alimentos teria um incremento de 30 milhões a 130 milhões de toneladas se o ozônio derivado da poluição fosse reduzido indiretamente por meio do combate ao metano.
"As colheitas seriam o fator do qual países como o Brasil mais se beneficiariam", disse à Folha Drew Shindell, do Instituto Goddard, da Nasa, que liderou o trabalho.
"Em países como China e Índia, o principal benefício seria na saúde pública, porque o problema de poluição por fuligem é muito maior lá."
DIPLOMACIA
Segundo Shindell, como a maior parte dos países que tendem a se beneficiar são também grandes emissores de fuligem e metano, uma política eficaz não iria requerer um acordo internacional como aquele que o planeta está buscando contra o CO2 (dióxido de carbono), principal vilão do aquecimento global.
"No caso do combate a essas outras substâncias, temos mais chance de progresso se ele for implementado por ações locais", diz o cientista.
"Iniciativas globais, porém, podem estimular ações locais, como o financiamento de bancos de desenvolvimento para alguns projetos."
Mesmo não tendo potencial de aquecimento no longo prazo, a fuligem contribui para a mudança climática, sobretudo quando se acumula sobre a neve e o gelo em regiões frias. De cor escura, ela atrapalha a capacidade da água congelada de refletir radiação para fora da Terra.
Já o metano é o gás-estufa mais forte, apesar de não ser o mais abundante.
O combate a esses dois poluentes, porém, não serviria como compensação para o atraso do planeta em reduzir as emissões de carbono.
"Se adiarmos mais o acordo do clima, mesmo acabando com todo o metano e a fuligem, veríamos um enorme aumento no aquecimento, causado só pelo CO2, na segunda metade do século."
CONTRA O METANO
1. Estender técnicas que evitam o vazamento de gás em minas de carvão
2. Eliminar as perdas e queimar o gás que hoje escapa de poços de petróleo
3. Reduzir vazamentos em gasodutos
4. Separar o lixo biodegradável para reciclagem, compostagem e uso da biomassa
5. Aprimorar o tratamento de esgoto para capturar o metano que escapa das estações
6. Controlar emissões da pecuária usando um tratamento especial para o esterco
7. Arejar as plantações de arroz para reduzir as emissões em plataformas alagadas
2. Eliminar as perdas e queimar o gás que hoje escapa de poços de petróleo
3. Reduzir vazamentos em gasodutos
4. Separar o lixo biodegradável para reciclagem, compostagem e uso da biomassa
5. Aprimorar o tratamento de esgoto para capturar o metano que escapa das estações
6. Controlar emissões da pecuária usando um tratamento especial para o esterco
7. Arejar as plantações de arroz para reduzir as emissões em plataformas alagadas
CONTRA A FULIGEM
1. Substituir a frota de veículos muito antigos que emitem poluição demais
2. Instalar filtros especiais nos veículos a diesel
3. Banir a queima de resíduos de agricultura ao ar livre
4. Substituir fornos a lenha por fornos a gás ou combustíveis de queima limpa
5. Levar aos países pobres a tecnologia de fornos por queima de biogás
6. Substituir tijolos de barro por vigas verticais ou por tijolos de fornos mais eficientes
7. Substituir fornos a queima de coque (subproduto do carvão) por fornos mais eficientes
2. Instalar filtros especiais nos veículos a diesel
3. Banir a queima de resíduos de agricultura ao ar livre
4. Substituir fornos a lenha por fornos a gás ou combustíveis de queima limpa
5. Levar aos países pobres a tecnologia de fornos por queima de biogás
6. Substituir tijolos de barro por vigas verticais ou por tijolos de fornos mais eficientes
7. Substituir fornos a queima de coque (subproduto do carvão) por fornos mais eficientes
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