O golpe militar foi um momento que não passou na história e que até hoje, ao ser relembrado, ainda contém as marcas de tristeza e repressão, a dor pelos desaparecidos e mortos, afora toda a lembrança da tortura que os exilados passaram.
O pesadelo que não acabou e completa hoje, 31 de Março, 50 anos, é lembrado em vários estados da nossa Nação. Em São Paulo, nos locais que se tornaram símbolo da ditadura, há uma exposição dos fatos. Quem passa por lá, pode imaginar, ainda que de longe, o que representou aquele momento de dor não apenas para os envolvidos na época, mas para o Brasil como Nação.
O que era para ser extirpado, prevaleceu. Mataram pessoas, mas as ideias permaneceram vivas. E o que vemos hoje é o resultado de uma política corrupta que não parece ter cessado a guerra contra os cofres públicos. Ainda hoje, assim como os estudiosos entram em discordância sobre o dia e o momento do golpe militar, temos também opiniões controvérsias sobre inúmeros assuntos que permeiam nossa Nação.
Apesar de saber que a nossa bandeira tremula por Ordem e Progresso, ainda estamos a espera da Ordem e Progresso que não chegou para todos, e que parece ser privilégio de uma minoria em Brasília. Hoje entendemos que mais que a renúncia de um Presidente, o que precisa ser renunciado é uma ideologia contraditória aos princípios que devem nortear a Nação. Afinal, as negociações na política permaneceram e os golpistas parecem continuar tendo sucesso no que fazem.
Não há como celebrar este dia. Não! Contudo, o registro desses 50 anos não poderá ser esquecido jamais. Pois ainda que não vivamos mais debaixo de uma ditadura (será?!), a Nação ainda sofre a violência de um golpe que não aconteceu em um dia, mas que se estendeu por duas décadas.
Não celebramos! Mas somos convocados a uma reflexão, pois um tempo de silêncio é um convite para a mudança. Agora não é mais o silêncio da mordaça, é o silêncio externo, provocado pelos gemidos internos, pois qual é o brasileiro legítimo, informado e apaixonado pelo seu solo, que não tem uma lágrima guardada por esse jubileu que não é de ouro, mas de dor.
Como povo de Deus, vamos nos levantar, orar, jejuar, clamar a Deus por uma Nação redimida, crendo que Salmos 33:12 será uma verdade sobre o nosso Brasil. “Bem-aventurada, feliz é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança.”
Como um pesadelo que ainda provoca calafrios e aflições e não se dissipa com raios da manhã, o golpe militar de 31 de março de 1964 — que completa 50 anos hoje — ainda está vivíssimo na memória do País como um período de tenebrosas violações da liberdade, dos direitos humanos que deixou milhares de mortos, desaparecidos e torturados e se prolongou por longos 21 anos, até 15 de março de 1985 com a posse do civil José Sarney e a instauração da Nova República.
Um período de excessos que não se curvou até hoje a julgamento histórico de fato. Ainda que existam movimentos concretos de tentativa de apuração dos abusos, nada ainda aconteceu.
Torturadores e militares com as mãos sujas de sangue refestelam-se no sofá da sala quem sabe livres das dores agudas da consciência. Mas é sempre importante lembrar que, apesar do combate desigual, os opositores do regime sequestraram diplomatas, assaltaram bancos, mataram e orquestraram guerrilhas armadas. O País, governado por uma vítima da tortura, não consegue acertar as contas com o seu passado.